quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Em busca de mais espaço

Chau do Pife estreia seu blog e pretende reviravolta


Um dos maiores instrumentistas do país que dedica sua vida a um único instrumento e dele tira seu sustento, é alagoano, de Boca da Mata, e tem o instrumento até no nome. Assim é Chau do Pife, que na verdade chama-se José Prudente de Almeida, um dos maiores tocadores de pífanos do Brasil, que no próximo dia 22 de fevereiro comemorará 52 anos de vida... uma vida sofrida, mas também repleta de alegrias, que geralmente estão agregadas ao instrumento, como ele próprio diz: ”Graças ao pífano que eu conheci tanta gente boa nesse mundo.. gente de talento como os músicos que tocam comigo e pessoas como Carlos Malta, Hermeto Paschoal, dentre outros”. Chau e o pífano vivem numa simbiose, onde um não seria nada sem o outro.


Tido como um dos maiores mestres da cultura popular de Alagoas, como tocador de pífano, Chau busca, agora, dar uma virada em sua carreira e sua vida. Em sua vida pessoal está prestes a realizar um grande sonho que é o da conquista de sua casa própria e para isso já conta com o empenho de amigos e admiradores para um grande show no final de abril para gravação de seu primeiro DVD, o que nos leva a sua vida profissional, pois mesmo sendo reconhecidamente uma referência musical, ele não consegue colher os frutos de que precisa.
Mais um grande passo já está sendo dado com o lançamento de seu blog, o primeiro de um mestre da cultura popular alagoana. Conversamos com Chau sobre essas mudanças em sua vida.
  
Chau, porque você acha que esses frutos não estão sendo colhidos por você, em sua carreira?
CP – Digo isso graças a conversas com amigos próximos que me vêm na televisão, no rádio, nos jornais ...mas não consigo crescer na vida.. pois o que sei fazer na vida é tocar pífano.. não me peça para fazer qualquer outra coisa, mas pífano eu sei... não sei tudo, mas toco tudo que sei... mas nem todos entendem que para me apresentar num palco, preciso está acompanhado de músicos profissionais... que também vivem da música... e quando me chamam de mestre, parece que sou uma daquelas estrelas da TV ou do cinema que ganham muito dinheiro.. e não é assim... tenho uma família para sustentar como qualquer outra pessoa e é a minha música que me mantém, mas não está sendo suficiente.


E como pretende melhorar essa situação?
CP  - Veja bem... não me acho melhor do que ninguém e por isso tenho humildade para escutar e aprender, e aprendi que o artista popular... ou mestre como chamam, recebe uma atenção que na hora receber um cachê, não existe na maioria das vezes....


Como assim?
CP- Não é porque o camarada é um mestre naquilo que faz... (olha , não estou dizendo que sou mestre de nada.. é assim que falam de mim) que o dinheiro brota como capim na roça, não! Quando eu era mais novo, deixei de tocar em banda de pífanos porque vi que aquilo não dava futuro para mim... porque era muita gente para dividir pouco dinheiro e poucas apresentações... e hoje é mais ou menos a mesma coisa. Quando vou fazer um show, preciso de músicos bons para me acompanharem e por serem bons no que tocam, tem que ser respeitados também na hora de receber o cachê. Sou um músico como outro qualquer... veja alguns exemplos, como Eliezer Setton, Carlos Moura, Geraldo Cardoso, Máclein, Junior Almeida, Assissão, Jorge de Altinho... todos são grandes músicos, que até podem fazer um show, sozinhos... nem que seja como voz e violão.. mas o show mesmo, deles, é com banda, que precisa ser valorizada pelo artista, também. O que estou dizendo que não dá para querer um show nosso e pagar como se fosse um trio de forró... nada contra os trios ou bandas de pífanos.. mas o nosso trabalho precisa de um retorno (risos e faz o gesto de esfregar os dedos sinalizando dinheiro) que até eles precisam, mas...
Ou seja, para ficar claro: banda de pífano e trio de forró tem um monte, mas Chau do Pife só tem um. É isso!?
CP- (Com um pouco de vergonha e tristeza, Chau concorda) Não quero desvalorizar o trabalho de ninguém e nem tirar o espaço de ninguém... apenas quero o meu espaço.. construir a minha história...

Chau, e essa história do blog?
CP - Já é resultado disso. Não sei como funciona, mas sei que funciona... aquele negócio que fica num computador onde a pessoa pode ver em qualquer lugar do mundo... e um grande amigo meu é que fez e ficou muito bonito... tem muita coisa sobre mim, com fotos, informações, material que saiu na imprensa, vídeos e o que precisar para contratar um show nosso. O nome ainda não decorei, não... (o endereço é: chaudopife.blogspot.com).
Chau, quais são seus planos para esse ano e daqui para frente?
CP – Gostaria muito de fechar o ano com a minha casa. Já estou morando nela, alugando, mas com a proposta de compra... que um amigo meu está me fazendo por menos de um terço do valor... Vamos tentar fazer um show para gravar um DVD no Teatro Deodoro com um monte de participação de gente boa cantando e tocando comigo. O apurado desse show já é para ajudar na compra da casa. Como esse negócio da internet, a gente espera que ajude a tocar mais lá fora (em outros estados). Até hoje só toquei uma vez fora de Alagoas, que foi no Rio de Janeiro, num encontro chamado “Mestres do Pífano”, onde conheci o Carlos Malta.... que músico.. toca muito. Essa apresentação foi graças a minha amiga Sônia Lucena que fez os contatos para eu ir para lá.. foi em 2009. Também vai sair um DVD de uma aula-show de pífanos que gravei no ano passado. Tem um evento que acontece há dois anos, em Olinda, o “Tocando Pífanos”, que no ano passado teve a participação dos meus amigos da banda de pífanos Esquenta Muié,, de Marechal Deodoro, e me falaram muito bem do evento e espero poder tocar lá, também.

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